quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O dia 12 de Outubro de 1822


No dia 12 de Outubro de 1822, na Cidade do Rio de Janeiro e em diversas cidades e vilas do então Reino do Brasil, o Príncipe Regente Dom Pedro de Alcantara foi aclamado Imperador e o Brasil elevado à categoria de Império – proclamado independente do Reino de Portugal (ao qual, até então, estivera unido). Esse ato político foi realizado simultaneamente em vários pontos do país, numa ação conjunta que envolveu diversas Câmaras municipais.

Neste espaço (o post intitulado 12 de Outubro de 1822 no blog Minas Ancestrais), publico a relação de meus antepassados que, a essa época, viviam em Minas Gerais. A lista está incompleta, tanto no que diz respeito aos nomes (porque ainda há alguns ancestrais que eu ignoro), como no que diz respeito às biografias apresentadas (algumas ainda estão em fase de desenvolvimento). À medida que ficarem prontas, publicarei aqui as biografias faltantes, bem como acrescentarei os nomes ausentes. Deixo aberto o espaço para comentários, a fim de reunir outros pesquisadores interessados nos nomes aqui apresentados, bem como para permitir contribuições aos dados que faço públicos.

A Província de Minas Gerais


Em 1822, a Província de Minas Gerais estava dividida em cinco comarcas:
1) A Comarca de Ouro Preto (da qual era cabeça a Vila Rica de Ouro Preto);
2) A Comarca do Rio das Velhas (da qual era cabeça a Vila do Sabará);
4) A Comarca do Serro Frio (da qual era cabeça a Vila do Príncipe);
5) A Comarca de Paracatu (da qual era cabeça a Vila de Paracatu do Príncipe).

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COMARCA DE OURO PRETO

"A Comarca de Villa Rica, aliàs do Oiro Preto, que he a menos extensa, e cuja maior parte está ainda inculta, confina ao Norte com a do Serro do Frio, da qual he separada pelo Rio Doce; ao Poente com a do Rio das Mortes; ao Sul com a Provincia do Rio de Janeiro; e ao Nascente com a do Espirito Santo. Dam-lhe trinta e cinco leguas de Norte-Sul, e pouco mais de quarenta Leste-Oeste." (CAZAL, Manoel Ayres de. Corografia Brazilica, ou relação historico-geografica do Reino do Brazil composta e dedicada a Sua Magestade Fidelissima por hum presbitero secular do Gram Priorado do Crato. Rio de Janeiro: Impressão Regia, 1817, pp.364-365)

Em 1822, a Comarca de Ouro Preto estava dividida em dois termos:
1) O Termo da Vila Rica de Ouro Preto;
2) O Termo da Cidade de Mariana.

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VILA RICA DE OURO PRETO


"Villa Rica, anteriormente Oiro Preto, creada em [mil] setecentos e onze, grande, populoza, abastada, e florecente[,] he a Capital, e rezidencia dos Governadores da Provincia; e do Ouvidor da Comarca, que he tambem Provedor dos defuntos, auzentes, capellas, reziduos, servindo ainda de Juiz da Coroa com jurisdicção em toda a Provincia. Tem Juiz de Fóra do cível, crime, e orfãos, servindo tambem de Procurador da Coroa; Vigario foraneo, Professores Regios de primeiras letras, Latim, e Filozofia; porém he mal situada nas abas meridionaes da serra do Oiro Preto, entre morros tristonhos, em terreno mui desigual, e frequentemente cuberta de nevoa, cauza de continuadas defluxões. Ha nella Caza de Mizericordia [...]; caza de fundição do oiro; uma Junta da Administração da Fazenda Real, composta de quatro Deputados, que sam o Ouvidor da Comarca, o Procurador da Coroa, o Thezoureiro Geral e o Escrivão contador, e prezidida pelo Governador. Ornam-na dez Capellas: a do Senhor do Bom-Fim, a das Almas, a de S. Anna, a de S. João, a de S, Jozé, a de S. Antonio, a de S. Sebastião, tres dedicadas a N. Senhora com as invocações do Rozario, Piedade, e Dores; a fóra as tres das Ordens Terceiras de S. Francisco d'Assiz, Carmo, e S. Francisco de Paula, que he dos Pardos; quazi todas de pedra; [tem tambem] quatro pontes de pedra. A caza da Camera he grandioza, e commumente com quinze mil cruzados de rendimento annual; o Palacio dos Governadores [he] magnifico; os Quarteis da Tropa asseiados. Tem um Fortim com algumas peças para salvar nos dias de solemnidade; e quatorze fontes de cristalinas, e boas aguas; e um Hospital. Seus habitantes, pela maior parte mineiros, e negociantes, estam repartidos em duas Parochias: Nossa Senhora he a Padroeira d'ambas, numa com o Titulo do Pilar, n'outra com o da Conceição. Fica sessenta e seis leguas ao Nornoroeste do Rio de Janeiro.

Há nesta Capital vinte e cinco Officios Judiciaes: tres Tabelliães; hum Escrivão da Ouvidoria; outro dos Feitos da Fazenda Real; outro das Execuções; outro da Provedoria dos Defuntos, [e] Auzentes; e outro da Camera; outro dos Orfãos; dois Partidores dos Orfãos; um Inquiridor da Ouvidoria; um Thezoureiro dos Auzentes; um Inquiridor, Contador, e Distribuidor do Juiz; um Meirinho Geral do Ouvidor; um Escrivão da Vara do mesmo Meirinho; um Meirinho das Execuções; um Escrivão do Mesmo; um Meirinho do Campo; um Escrivão do mesmo; um Meirinho dos Auzentes; um Escrivão do mesmo; um Alcayde; um Escrivão da Vara do mesmo; e um Porteiro dos Auditorios.

Na Caza da Fundição ha dezaseis Officios: quatro Fiscaes, que servem por turno cada um tres mezes; um Thezoureiro; um Abridor dos cunhos; tres Fundidores; um Ensayador; um Ajudante do mesmo; um Escrivão da Receita, e Despeza; outro da Conferencia; outro das Forjas e entrada do oiro na fundição; um Meirinho; um Escrivão do mesmo.

Na Junta da Fazenda R. [Real], além dos Deputados ditos, ha seis Escriturários; dois Ajudantes da Contadoria; um Fiel Ajudante do Thezoureiro Geral; um Thezoureiro das despezas miudas, e Almoxarife dos Armazéns; um Escrivão deste Thezourêiro; um Solicitador da F. R [Fazenda Real]; um Meirinho da mesma F. R.; um Escrivão deste Meirinho; um Porteiro da Junta; um Continuo da mesma.

Os habitantes desta Capital, e de seis [outras] Parochias do seu termo formavão dois Regimentos de Cavalleria Auxiliar; quatorze Companhias d'Ordenança de Brancos, sete de Pardos, e quatro de Pretos livres ha vinte annos." (CAZAL, Manoel Ayres de. Corografia Brazilica, ou relação historico-geografica do Reino do Brazil composta e dedicada a Sua Magestade Fidelissima por hum presbitero secular do Gram Priorado do Crato. Rio de Janeiro: Impressão Regia, 1817, pp.368-370)

Em 1822, o Termo da Vila Rica de Ouro Preto estava dividido em oito freguesias:
1) A Freguesia de Nossa Senhora do Pilar do Ouro Preto;
2) A Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias (que integrava a urbe de Ouro Preto);
3) A Freguesia de São Bartolomeu;
4) A Freguesia de Nossa Senhora da Nazaré da Cachoeira do Campo;
5) A Freguesia de Santo Antônio da Casa Branca;
6) A Freguesia de Nossa Senhora da Boa Viagem de Itabira do Campo;
7) A Freguesia de Santo Antônio de Itatiaia;
8) A Freguesia de Santo Antônio do Ouro Branco.

Marcos Alves Pereira

Este, que é meu hexavô, ao tempo da Aclamação de Dom Pedro, era um homem com meio século de vida, casado e pai de família – a qual procurava sustentar com os modestos rendimentos provenientes de sua oficina de sapateiro. Estava então estabelecido no Arraial da Matriz de Santo Antônio da Casa Branca, Termo da Vila Rica de Ouro Preto, Comarca de Ouro Preto, Província de Minas Gerais. Para alguns de seus conterrâneos, Marcos era homem branco; para outros, era pardo – o que bem reflete a flexibilidade dos critérios de classificação racial do Brasil oitocentista.

Não sei de onde era natural ou quais eram seus pais. Parece que nasceu entre 1770 e 1774. Era casado com Thereza Maria de Jesus, de quem ignoro igualmente a origem e filiação. Thereza nasceu provavelmente em 1780: era, portanto, uma mulher quadragenária ao tempo da Aclamação. Também ela é descrita ora como branca, ora como parda. Sinal de que ela e o marido tinham ascendência tanto européia quanto africana – dualidade estampada na pele e no juízo de seus contemporâneos. Marcos e Thereza estavam casados, naquele ano de 1822, havia pelo menos duas décadas.

Consegui localizar oito filhos para esse casal: Anna Senhorinha (nascida em 1803), Maria Thereza (1805), Maria Fernandes (1807), Clemente (1811), Ignacio (1813), Marcos Saturnino (1814), Thereza Maria (1816), e Antonio Egidio (1819). Estavam todos, pois, na menoridade quando Dom Pedro foi aclamado Imperador do Brasil. Desses, descendo de Ignacio Bartholomeu Pereira, batizado pelo Vigário Manoel Ferreira da Fonseca na Matriz de Santo Antônio da Casa Branca aos 2 de Setembro de 1813. Foram seus padrinhos: o lavrador Pedro Vieira Braga e sua mulher Ana Maria de Jesus. Ignacio tinha, portanto, apenas 9 anos de idade quando da Aclamação.

* Marcos Alves Pereira e sua família aparecem nas listas nominais do Arraial de Santo Antônio da Casa Branca de 13 de Outubro de 1831 (Fogo n.º 7) e de 6 de Dezembro de 1838 (Fogo n.º 37). Ao que parece, não tinham escravos. Não sei quando e onde faleceram Marcos e Thereza, mas desconfio que tenha sido no próprio Arraial de Santo Antônio da Casa Branca.

** Na família de Marcos Alves Pereira, apenas os homens foram alfabetizados. Essa educação permitiu que meu pentavô Ignacio Bartholomeu Pereira ascendesse socialmente: pois, com ela, pôde se habilitar para o magistério. Ignacio foi professor de primeiras letras em Casa Branca, Pedra do Anta, e Muriaé.

*** Ignacio viria a se casar, por volta de 1839, com Justina Maria de Castro, filha legítima do minhoto Antonio de Castro Guimarães e da mineira Antonia Maria do Nascimento. Ignacio e Justina faleceram em Muriaé, em, data que ignoro, posterior a 1865.

Antonia Maria do Nascimento

Mulher branca, ainda jovem (estimo que estivesse na casa dos 30 anos ao tempo da Aclamação de Dom Pedro I), viúva havia menos de um ano, com filhos na menoridade, Antonia Maria do Nascimento residia no Arraial da Matriz de Santo Antônio da Casa Branca, Termo da Vila Rica de Ouro Preto, Comarca de Ouro Preto, Província de Minas Gerais.

É possível que Antonia tenha nascido ou na Freguesia de Nossa Senhora do Pilar da Vila Rica de Ouro Preto, ou no Arraial de Santo Amaro do Botafogo, filial daquela Matriz. Seu pai era o português João Sampaio do Valle (que, se ainda estivesse vivo quando Dom Pedro foi aclamado Imperador, seria um senhor septuagenário), natural da Freguesia de São Tomé dos Estorãos, Termo da Vila de Monte Longo de Fafe, Comarca de Guimarães, Província do Entre Douro e Minho. A mãe de Antonia, falecida entre 1816 e 1818, era a brasileira Maria Roza do Nascimento, natural da Freguesia de Nossa Senhora do Pilar de Vila Rica de Ouro Preto, cabeça da comarca de mesmo nome e capital da Província de Minas Gerais.

Pelo lado materno, Antonia era sobrinha do Padre Jozé Dias de Amorim (cuja biografia ignoro, mas sei que ministrou sacramentos na capital mineira). Além disso, ela era irmã dos Padres Serafim de Sampaio e Valle (coadjutor do vigário da Freguesia de Nossa Senhora do Pilar da Vila Rica de Ouro Preto ao tempo da Aclamação), e Vidal Jozé do Valle (que foi vigário da referida freguesia).

Antonia casou-se, na primeira década do século XIX, com o português Antonio de Castro Guimarães. Ele era natural da Freguesia de Santa Comba de Fornelos, Termo da Vila de Monte Longo de Fafe, Comarca de Guimarães, Província do Entre Douro e Minho. Filho legítimo de Agostinho de Novaes Castro, e de Maria da Silva, acrescentara o toponímico “Guimarães” (referência à comarca de que era natural) ao nome de sua família. Faleceu por volta de 1821 no Arraial da Matriz de Santo Antônio da Casa Branca – em cujos registros paroquiais, ele e a esposa aparecem a partir de 1814. Nessa localidade, nasceram e foram batizadas as duas últimas filhas do casal.

Quando Antonio faleceu, em 1821, Antonia tinha cinco filhos menores para criar: Antonio de Castro Guimarães (Junior), Carlota Maria de Castro (nascida por volta de 1810), Candido de Castro Guimarães, Maria Izabel de Castro (nascida em 1816), e Justina Maria de Castro (nascida em 1818). Desses, descendo da filha caçula, Justina Maria de Castro, minha pentavó, batizada pelo Vigário Manoel Ferreira da Fonseca na Matriz de Santo Antônio da Casa Branca aos 25 de Março de 1818. Foram seus padrinhos dois tios maternos: o Padre Serafim de Sampaio e Valle, e Dona Justina Maria de Sampaio. Minha pentavó tinha, portanto, apenas quatro anos de idade quando Dom Pedro foi aclamado Imperador do Brasil.

* Quanto aos filhos de Antonia Maria do Nascimento, sei que a primeira a se casar foi Carlota Maria de Castro. Ela e Joze Vieira Braga se receberam em matrimônio por volta de 1828. A primeira filha do casal, de nome Cecilia, foi batizada na Matriz de Santo Antônio da Casa Branca aos 14 de Janeiro de 1829, e teve por padrinhos o avô paterno (Pedro Vieira Braga) e a avó materna (a referida Antonia Maria do Nascimento). Quando se fez a primeira lista nominal do arraial, aos 13 de Outubro de 1831, apenas Carlota e o marido, da família de Antonia, aparecem entre os habitantes de Casa Branca (Fogo n.º 55). Quando se fez a segunda lista nominal, aos 6 de Dezembro de 1838, aparecem morando com Carlota (Fogo n.º 96) suas duas irmãs mais novas: Maria Izabel e Justina Maria. Pode ser que Antonia tenha falecido em outro lugar, entre 1831 e 1838; ou que tenha falecido em Casa Branca entre 1829 e 1831. De qualquer maneira, seus outros filhos não aparecem na relação nominal de 1831 (sinal de que ou moravam com a mãe em outra localidade, ou, órfãos de mãe, estavam sob a tutela de um parente em alguma outra paragem). Além de Carlota, também Antonio de Castro Guimarães (Junior) celebrou matrimônio e batizou seus primeiros filhos na Matriz de Santo Antônio da Casa Branca. Sua esposa se chamava Maria Joaquina de Jezus, e ela era filha legítima de Manoel Ferreira Dias, e de Genoveva Bonifacia. Já minha pentavó, Justina Maria de Castro, ela se casou, segundo estimo, em 1839. Recebeu por marido Ignacio Bartholomeu Pereira – que era afilhado de Pedro Vieira Braga (sogro de Carlota), e filho de Marcos Alves Pereira.

** Justina acompanhou Ignacio em suas sucessivas moradias pela Província de Minas Gerais: empregado no magistério público pelo Governo Provincial, Ignacio lecionou em Casa Branca, Pedra do Anta, e Muriaé – sendo essa última a localidade em que o casal viria a falecer (estimo que em data posterior a 1865).

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COMARCA DO RIO DAS VELHAS

"A Comarca do Sabará tem ao Norte a Provincia de Pernambuco; ao Poente a de Goyaz; ao Sul a Comarca do Rio das Mortes, e ao Nascente a do Serro-Frio. Dam-lhe cem leguas de Norte-Sul e mais de sessenta Leste-Oeste. He regada de muitos rios, todos tributarios do de S. Francisco, que atravessa a sua parte meridional, e separa a septentrional da Comarca do Serro-Frio. Abunda em pastagens, que criam muito gado vaccum. Tem minas de varios metaes, e pedras preciozas. Cultiva-se milho, mandioca, arrôz, cannas de assucar, tabaco, legumes, algodão, e diversidade de frutas. A caça he abundante em muitos sitios." (CAZAL, Manoel Ayres de. Corografia Brazilica, ou relação historico-geografica do Reino do Brazil composta e dedicada a Sua Magestade Fidelissima por hum presbitero secular do Gram Priorado do Crato. Rio de Janeiro: Impressão Regia, 1817, pp.381-382)

Em 1822, a Comarca do Rio das Velhas estava dividida em três termos:
1) O Termo da Vila do Sabará (da qual era dependente o Julgado de Santo Antônio do Curvelo);
2) O Termo da Vila Nova da Rainha de Caeté;
3) O Termo da Vila Nova do Infante de Pitangui.

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VILA DO SABARÁ


"Villa-Real do Sabará, Cabeça da Comarca e rezidencia ordinaria do seu Ouvidor, que tambem serve de Provedor dos defuntos, auzentes, Capellas, e reziduos, situada junto á margem direita do Rio das Velhas no lugar onde este recolhe a ribeira que lhe deu nome, em terreno baixo, rodeado de montes, he grande, florecente, abastada de carene, peixe, e viveres do paiz, ornada com uma Igreja Matriz, que tem por Padroeira N. Senhora da Conceição, uma Capella de N. Senhora do O, outra do Rozario com uma numeroza Irmandade de Pretos, duas Ordens Terceiras do Carmo, e S. Francisco. Tem Juiz de Fora, que tambem serve de Orfãos; Vigario Foraneo; Professores de Primeiras Letras e Latim; Caza de fundição do oiro, cuja despeza sobe a quarenta mil Cruzados, e tem os mesmos officiaes que a de V. R. [Villa Rica], excepto o abridor dos cunhos, e terceiro fundidor; [tem ainda] um bom chafariz de excellente agua na Rua do Caquende, quatro entradas para os pontos cardinaes: só a do Norte não tem ponte: a oriental, e meridional, ambas sobre a ribeira Sabará, hão de perder os nomes, que as designam, quando se fizerem de cantaria. Os Officiaes Judiciaes sam tambem os mesmos em numero e empregos que na Capital; o rendimento annual da Camara anda de oito a nove mil Cruzados. O calor he aqui intenso nos mezes do Estio como em nenhuma outra povoação da provincia. Teve foral em mil setecentos e doze: e fica dez leguas ao Nornoroeste de Marianna, vinte e uma ao Nordeste de Tamanduá, vint'oito ao Sudoeste da Villa do Principe, vinte e duas ao Nornordeste de S. João d'El-Rey. Seus habitantes, e os de cinco Parochias, que ha no seu termo, sam mineiros, e lavradores de diversos viveres; e formam dois regimentos de cavalleria auxiliar, um com onze, outro com oito Companhias de homens Brancos; vinte Companhias de Ordenanças; um Terço d'onze Companhias de Pardos, outro de sete de Pretos forros." (CAZAL, Manoel Ayres de. Corografia Brazilica, ou relação historico-geografica do Reino do Brazil composta e dedicada a Sua Magestade Fidelissima por hum presbitero secular do Gram Priorado do Crato. Rio de Janeiro: Impressão Regia, 1817, pp.386-387)

Em 1822, o Termo da Real Vila do Sabará estava dividido em sete freguesias:
1) A Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Real Vila do Sabará;
2) A Freguesia de Nossa Senhora da Boa Viagem do Curral d'El-Rei;
3) A Freguesia de Nossa Senhora do Pilar de Congonhas do Sabará;
4) A Freguesia de Santo Antônio do Rio Acima;
5) A Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Rio das Pedras;
6) A Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Rapôsos;
7) A Freguesia de Santa Luzia.

Joana de Almeida e Silva

Filha legítima de João de Almeida Mattos, e de Maria da Silva Pereira.

Viúva de Felippe Gomes Rodrigues da Camara.

Minha heptavó.

[Biografia em fase de desenvolvimento]

João Gomes Rodrigues da Silva

Filho legítimo de Felippe Gomes Rodrigues da Camara, e de Joana de Almeida Silva.

Viúvo de Maria Angelica da Silva. Celebrou segundas núpcias com Luiza Umbelina de Jezus.

Meu hexavô.

[Biografia em fase de desenvolvimento]

Manoel João da Costa

[Biografia em fase de desenvolvimento]

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COMARCA DO RIO DAS MORTES

"A Comarca do Rio das Mortes, assim chamada do rio, que a rega, conhecida igualmente pelo nome da sua Cabeça que he a Villa de S.João d'El-Rey, tem ao Oriente a de Villa Rica; ao Norte a do Sabará, da qual he separada pela Serra Negra, e pelos rios Lambary e Andayhá; ao Occidente as Provincias de Goyaz, e S. Paulo, que tambem a limita pelo Meiodia, onde ainda confina com a do Rio de Janeiro. Dam-lhe cincoenta leguas em quadro medio. Tem muitos, e extensos pedaços de terreno apropriado para a cultura da mandioca, milho, e legumes; como tambem para a plantação das cannas do assucar, e tabaco, que sam dois lucrozos objectos de exportação; outros onde os algodoeiros prosperam. Em alguns districtos da parte meridional recolhe-se consideravel quantidade de centeio, e trigo. Por toda a parte se cria muito gado vaccum; e tambem lannigero, e porcos; cuja carne, e os queijos do primeiro fazem dois consideraveis ramos de commercio exportativo. Tambem tem terrenos auriferos, onde se occupa muita gente." (CAZAL, Manoel Ayres de. Corografia Brazilica, ou relação historico-geografica do Reino do Brazil composta e dedicada a Sua Magestade Fidelissima por hum presbitero secular do Gram Priorado do Crato. Rio de Janeiro: Impressão Regia, 1817, p.374)

Em 1822, a Comarca do Rio das Mortes estava dividida em oito termos:
1) O Termo da Vila de São João d'El-Rei;
2) O Termo da Vila de São José;
3) O Termo da Vila de São Bento do Tamanduá;
4) O Termo da Real Vila de Queluz;
5) O Termo da Vila de Barbacena;
6) O Termo da Vila de Campanha da Princesa;
7) O Termo da Vila de Santa Maria de Baependi;
8) O Termo da Vila de São Carlos do Jacuí.

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VILA DE SÃO JOÃO D'EL-REI


"A Villa de S. João d'El-Rey, anteriormente Rio das Mortes, cabeça da Comarca, e rezidencia ordinaria do seu Ouvidor, que serve de Provedor dos defuntos, auzentes, capellas, reziduos, e tambem de Juiz da Coroa, he uma das maiores e a mais alegre e abastada da Provincia; assentada num terreno plano, e meia legua distante da margem esquerda do rio, que lhe deu o nome primitivo athé o anno de [mil] setecentos e doze, quando El-Rey D. João o Quinto lhe deu titulo; ornada com uma Igreja Matriz, cujo Orago he N. Senhora do Pilar, duas Capellas tambem dedicadas a N. Senhora com os titulos das Dores, das Mercêz; uma a S. Pedro, outra a Santo Antonio, outra a S. Caetano, outra a S. Francisco administrada pelos Pretos; duas Ordens Terceiras[,] uma de N. Senhora do Carmo, outra de S. Francisco, cuja Capella he a mais magestoza de toda a Provincia[,] sobre uma grande praça; um Hospital; duas formozas pontes de cantaria sobre o pequeno corrego do tijuco, que a parte em dois bairros. Tem Juiz de Fóra, que tambem o he dos Orfãos, e Procurador da Coroa; Professor Regio de Latim, Vigario foraneo, Caza de fundição do oiro com os mesmos officiaes da de Villa Rica, menos o abridor dos cunhos; os [empregos] Judiciaes sam tambem os mesmos. Tem boa cazaria, e ruas calçadas. Todos os viveres do paiz sam baratos. Entre as frutas[,] notam-se laranjas tanjerinas brancas, o que não se acha em alguma outra parte.

A estrada, que vai para o Rio das Mortes, sobre o qual tem outra grandioza ponte de madeira, he bordada de Quintas, e Cazas de campo. No centro deste intervallo está o alegre Arrayal de Matozinhos, ornado com uma Capella do Espirito Santo.

No seus suburbios cultivam-se cannas d'assucar, muito milho, algum centeio, pouca mandioca, e algodão; e ao largo cria-se gado. Por toda a parte se minéra.

Doze Capellas há no seu extenso termo geralmente provídas de Capellães, que sam como outros tantos Cuadjutores do Vigario, do qual tem faculdade para administrar os Sacramento da sua jurisdicção. Esta Villa fica vinte e duas leguas ao Sudoeste de Villa Rica, e outras tantas ao Susudoeste de Sabará; e sessenta e duas ao Noroeste do Rio de Janeiro." (CAZAL, Manoel Ayres de. Corografia Brazilica, ou relação historico-geografica do Reino do Brazil composta e dedicada a Sua Magestade Fidelissima por hum presbitero secular do Gram Priorado do Crato. Rio de Janeiro: Impressão Regia, 1817, pp.377-378)

Em 1822, o Termo da Vila de São João d'El-Rei estava dividido em quatro freguesias:
1) A Freguesia de Nossa Senhora do Pilar da Vila de São João d'El-Rei;
2) A Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Carrancas;
3) A Freguesia de Sant'Ana das Lavras do Funil;
4) A Freguesia de Nossa Senhora das Dores do Pântano (ou da Boa Esperança).

Marianna Barbara Dias



Filha natural do Dr. Manoel Joze Dias, e de Rita Moreira de Almeida.

Viúva de Luis Antonio da Silva Rodarte.

Minha pentavó.

[Biografia em fase de desenvolvimento]

João da Matta da Silva Rodarte


[Biografia em fase de desenvolvimento]

Antonio de Padua da Silva Leite

[Biografia em fase de desenvolvimento]

Theophilo Gomes de Moraes Salgado

[Biografia em fase de desenvolvimento]

João Gomes Salgado


[Biografia em fase de desenvolvimento]

Raphael Antonio de Lima

[Biografia em fase de desenvolvimento]

Antonio Joze de Lima

[Biografia em fase de desenvolvimento]

Anna Antonia d'Assumpção

Viúva de Prudencio Gomes Martins. Minha heptavó. Fim de linha.

Contraiu segundas núpcias com Anastacio Mendes dos Santos aos 6 de Fevereiro de 1815, na Matriz de Sant'Ana das Lavras do Funil.

Teve, do primeiro casamento, um único filho: Lino Gomes Martins, meu hexavô.

[Biografia em fase de desenvolvimento]

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VILA DE SÃO JOSÉ


"Duas leguas ao Nornoroeste de S. João d'El-Rey, e um pouco arredada da margem direita do Rio das Mortes está a mediocre [isto é, de tamanho médio] Villa de S. Jozé, ornada com a mais magnifica Matriz de toda a provincia[,] dedicada a S. Antonio, uma Capella de N. Senhora do Rozario, outra de S. João Evangelista; abundante de viveres, e bem provida de boas aguas. Seus habitantes, e os do seu extenso termo, onde ha grande numero de Capellas com Capellães para lhes facilitar o cumprimento com os Preceitos Ecclesiasticos, recolhem muito milho, algum centeio, diversidade de frutas; e criam gado vaccum com grandissima quantidade de porcos, sua principal riqueza. Alguns mineram." (CAZAL, Manoel Ayres de. Corografia Brazilica, ou relação historico-geografica do Reino do Brazil composta e dedicada a Sua Magestade Fidelissima por hum presbitero secular do Gram Priorado do Crato. Rio de Janeiro: Impressão Regia, 1817, p.378)

Em 1822, o Termo da Vila de São José estava dividido em duas freguesias:
1) A Freguesia de Santo Antônio da Vila de São José;
2) A Freguesia de Nossa Senhora da Conceição dos Prados.

Caetano de Carvalho Duarte

[Biografia em fase de desenvolvimento]

Antonio Alves Lima

[Biografia em fase de desenvolvimento]

Joze Antonio de Figueiredo


[Biografia em fase de desenvolvimento]

Jozepha de Jezus Monte

[Biografia em fase de desenvolvimento]

Joaquim Joze Malta


[Biografia em fase de desenvolvimento]

Manoel Teixeira de Carvalho


[Biografia em fase de desenvolvimento]

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VILA DE SÃO BENTO DO TAMANDUÁ

"Tamanduá, Villa mediocre [isto é, de tamanho médio] entre duas pequenas ribeiras, que sam ramos do [Rio] Lambary, abastada de viveres, ornada com uma Igreja Matriz, de que he Orago S. Bento, duas Capellas de N. Senhora, com as Invocações das Mercêz, e Rozario, outra de S. Francisco de Paula com uma Arquiconfraria, cujos Confrades gozam de privilegios singulares. Fica vinte cinco leguas ao Poente de Villa Rica; quinze ao Noroeste de S. João d'El-Rey; vinte ao Sul de Pitangui, e vinte a Oes-noroeste do Sabará. Seus habitantes, e os do seu termo sam criadores, lavradores, e mineiros." (CAZAL, Manoel Ayres de. Corografia Brazilica, ou relação historico-geografica do Reino do Brazil composta e dedicada a Sua Magestade Fidelissima por hum presbitero secular do Gram Priorado do Crato. Rio de Janeiro: Impressão Regia, 1817, p.379)

Em 1822, o Termo da Vila de São Bento do Tamanduá estava dividido em quatro freguesias:
1) A Freguesia de São Bento da Vila do Tamanduá;
2) A Freguesia do Senhor Bom Jesus do Campo Belo;
3) A Freguesia de Sant'Ana do Bambuí;
4) A Freguesia de Nossa Senhora do Livramento do Piumhi.

Thereza Antonia Sarzeda

Filha legítima de Xavier Gonçalves Gomide, e de Joanna Pires de Camargos.

Viúva de Francisco Jozé de Soiza.

[Biografia em fase de desenvolvimento]

Margarida de Jezus Sarzeda

Filha legítima de Xavier Gonçalves Gomide, e de Joanna Pires de Camargos.

Viúva de Jozé Joaquim da Silva.

[Biografia em fase de desenvolvimento]

Luiz da Silva Mezencio



"Ecce enim in iniquitatibus conceptus sum: et in peccatis concepit me mater mea." (Sl 51, 5)

[Biografia em fase de desenvolvimento]

Thomaz Joaquim Barboza


[Biografia em fase de desenvolvimento]

Joze Gonçalves da Fonseca

[Biografia em fase de desenvolvimento]

Francisco de Paula Arantes


"Ecce enim in iniquitatibus conceptus sum: et in peccatis concepit me mater mea." (Sl 51, 5)

[Biografia em fase de desenvolvimento]

Manoel Rodrigues de Souza

Casado com Constancia Dias de Carvalho.

Meus pentavós. Fins de linha.

[Biografia em fase de desenvolvimento]

Jozefa Maria de Jezus

Filha de Joze da Cunha Barboza, e de Anna Jozefa do Sacramento.

Viúva de Francisco Lourenço.

Irmã do Vigário Francisco Barboza da Cunha, Pároco da Freguesia do Senhor Bom Jesus do Campo Belo.

[Biografia em fase de desenvolvimento]

Manoel Antonio Gomide


Filho legítimo de Francisco Joze de Soiza, e de Thereza Antonia Sarzeda. Pelo lado materno, era neto de Xavier Gonçalves Gomide, e de Joanna Pires de Camargo.

Casado com Josepha Maria da Paixão, filha legítima de Francisco Lourenço, e de Jozefa Maria de Jezus.

[Biografia em fase de desenvolvimento]

Joze Ferreira Barboza

[Biografia em fase de desenvolvimento]

Antonio Felisberto da Costa

Não sei se esse meu hexavô ainda vivia ao tempo da Aclamação: se vivo fosse, estaria então com 51 anos de idade. Desconfio que residisse no Distrito do Porto Real do Rio de São Francisco, então parte da Freguesia de Sant'Ana de Bambuí, Termo da Vila de São Bento do Tamanduá.

Antonio Felisberto da Costa era filho legítimo dos açorianos Antonio Pereira da Costa (natural da Ilha de São Miguel) e Maria Thereza de Jezus (natural da Ilha do Faial). Nascido em Barbacena no dia 1º de Setembro de 1771, foi batizado pelo Coadjutor Jozé da Costa Oliveira na Matriz de Nossa Senhora da Piedade da Borda do Campo aos 15 do mesmo mês e ano. Foram seus padrinhos Antonio Ferreira e Antonia de Jezus. Pelo lado paterno, era neto de João Rodrigues Pereira, e de Thereza da Costa, provavelmente falecidos nos Açores. Pelo lado materno, era neto de Manoel Dutra Correia, e de Maria Thereza de Jezus, que migraram da Ilha do Faial para as Minas Gerais, havendo se estabelecido na região de Barbacena em meados do Século XVIII (foi-lhes doada uma sesmaria nessa região no ano de 1752, doação esta que foi confirmada em 1756).

Não sei quando faleceram o pai e os avós maternos de meu hexavô. Suponho que tenham sido sepultados em Barbacena. Sua mãe foi sepultada na Matriz de Nossa Senhora da Piedade da Vila de Barbacena aos 20 de Maio de 1800.

Aos 2 de Julho de 1794, Antonio Felisberto da Costa celebrou matrimônio, na Ermida de Nossa Senhora da Ajuda do Castelo (filial da Matriz de Barbacena), com Barbara Francisca do Sacramento, minha hexavó. Assistiu-os o Padre Antonio da Silva Santos, servindo de testemunhas um irmão da noiva (Antonio Dutra Nicasio), e um seu cunhado (Joze Francisco Furtado).

Ignoro também se minha hexavó estava viva ao tempo em que Dom Pedro foi aclamado Imperador do Brasil. Caso estivesse, estaria com 48 para 49 anos. Caçula dos doze filhos dos açorianos Joze Dutra da Silveira (natural da Ilha do Faial) e Francisca Maria do Sacramento (natural da Ilha Terceira), Barbara Francisca do Sacramento foi batizada aos 22 de Novembro de 1773, pelo Padre Manoel Alves Trigo, na Capela de Nossa Senhora Mãe dos Homens do Bom Jardim (filial da Matriz de Barbacena). Foram seus padrinhos: Joze Rodrigues Pontes (residente na Vila de São José), e Barbara Ferreira Brandoa (representada pelo marido, Manoel Carvalho Duarte). Pelo lado paterno, Barbara era neta de Manoel Dutra, e de Maria Silveira, provavelmente falecidos nos Açores. Pelo lado materno, era neta de Manoel Pereira Garcia (falecido e sepultado nos Açores) e de Thereza de Jezus, que migrou para as Minas Gerais depois de viúva, com a filha (a mãe de Barbara) ainda pequena. A avó materna de Barbara deve ter falecido e sido sepultada em Barbacena, mas não localizei ainda o registro.

O primeiro filho de Antonio Felisberto da Costa e Barbara Francisca do Sacramento foi o meu pentavô Antonio Felisberto Nicasio. Batizado pelo Padre Joze Ferreira de Azevedo, aos 7 de Dezembro de 1795, na Capela de Nossa Senhora dos Remédios (filial da Matriz de Barbacena), foram seus padrinhos Joze Affonso e Ritta (tia paterna do batizado). Meu pentavô tinha 26 anos de idade quando da Aclamação.

Além de meu pentavô, consegui identificar apenas outros quatro filhos dos meus hexavós: Esmeria (nascida em 1797), Manoel (nascido em 1801), Maria (nascida em 1803), e Barbara (nascida em 1805). Todos foram batizados na Capela de Nossa Senhora dos Remédios. Seus nomes também constam na relação nominal dos habitantes do Porto Real de São Francisco (atual Iguatama) de 1808. É onde creio que ainda estivessem, se vivos fossem, ao tempo da Aclamação de Dom Pedro.

Antonio Felisberto Nicasio

Filho legítimo de Antonio Felisberto da Costa, e de Barbara Francisca do Sacramento.

[Biografia em fase de desenvolvimento]

Joaquim Joze Barboza Passos


Filho legítimo de Domingos Barboza do Paço, e de Ursula Maria da Trindade.

Viúvo de Thomazia Theodora da Silveira.

Meu hexavô (duas vezes).

[Biografia em fase de desenvolvimento]

Joze Joaquim Barboza

Filho legítimo de Joaquim Joze Barboza Passos, e de Thomazia Theodora da Silveira.

Casado com Maria Florisbella da Trindade, filha legítima de Antonio Rodrigues da Costa [Filho] e Maria da Trindade.

Meu pentavô.

[Biografia em fase de desenvolvimento]

Antonio Rodrigues da Costa

Filho legítimo de Antonio Rodrigues da Costa, e de Catherina Roza de Jezus.

Viúvo de Maria da Trindade, sepultada aos 29 de Junho de 1817 na Matriz de Nossa Senhora do Livramento de Piumhi.

Meu hexavô.

[Biografia em fase de desenvolvimento]

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REAL VILA DE QUELUZ

"Obra d'oito leguas ao Susudoeste de Villa Rica; quatorze ao Nordeste de S. João d'El-Rey; uma afastada do Rio das Congonhas, junto á fralda da Serra do Oiro Branco, está a Villa de Quellúz, em sitio ameno, ornada com uma Igreja Matriz, de que he Padroeira N. Senhora da Conceição, uma Hermida de Santo Antonio, outra com a Invocação do Carmo. Carijóz foi o seu primeiro nome. Gado grosso he a riqueza do Povo, que a habita." (CAZAL, Manoel Ayres de. Corografia Brazilica, ou relação historico-geografica do Reino do Brazil composta e dedicada a Sua Magestade Fidelissima por hum presbitero secular do Gram Priorado do Crato. Rio de Janeiro: Impressão Regia, 1817, p.379)

Em 1822, o Termo da Real Vila de Queluz estava dividido em três freguesias:
1) A Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Real Vila de Queluz;
2) A Freguesia de Santo Antônio de Itaverava;
3) A Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Congonhas do Campo (alguns distritos desta freguesia pertenciam, todavia, ao Termo da Vila Rica de Ouro Preto).

João da Costa Guimarães


Filho legítimo de Jeronimo da Costa Guimaraens, e de Damiana Roza de São Jozé.

Casado com Maria Luiza de Oliveira.

Meu hexavô. Descendo de seu filho Manoel da Costa Guimarães.

[Biografia em fase de desenvolvimento]

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VILA DE BARBACENA


"Barbacêna, Villa mediocre [isto é, de tamanho médio], e da mais bella vista, bem situada na proximidade da Serra [da] Mantiqueira, tres milhas distante do Rio das Mortes, ornada com uma Igreja Matriz, cuja Padroeira he N. Senhora da Piedade, uma Capella de S. Francisco de Paula, duas de N. Senhora com as Invocações do Rozario, e Boa-Morte. Igreja Nova foi o seu primeiro nome. Nos seus contornos há pinheiros brazilicos; e as oliveiras frutificam ao menos em parte. Os seus habitantes criam gado, e ajudam os terrenos mais substanciozos a produzir-lhes o que no paiz se reputa mais útil a vida. Ha quem procure oiro, e se occupe em varios ramos de Industria com vantajem do Povo. Fica dez leguas a Lessueste de S. João d'El-Rey, e quinze ao Susudoeste de Villa Rica." (CAZAL, Manoel Ayres de. Corografia Brazilica, ou relação historico-geografica do Reino do Brazil composta e dedicada a Sua Magestade Fidelissima por hum presbitero secular do Gram Priorado do Crato. Rio de Janeiro: Impressão Regia, 1817, pp.378-379)

Em 1822, o Termo da Vila de Barbacena estava dividido em quatro freguesias:
1) A Freguesia de Nossa Senhora da Piedade da Vila de Barbacena;
2) A Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Ibitipoca;
3) A Freguesia de Nossa Senhora da Assunção do Engenho do Mato;
4) A Freguesia de Nossa Senhora da Glória de Simão Pereira.

Francisco Joze da Silva


Homem branco, casado e pai de família, Francisco Joze da Silva tinha 53 anos de idade (pouco mais ou menos) quando Dom Pedro foi aclamado Imperador do Brasil. Encontrava-se, então, estabelecido como lavrador no Arraial da Capela de São Domingos da Bocaina, filial da Matriz de Nossa Senhora da Conceição do Ibitipoca, Termo da Vila de Barbacena, Comarca do Rio das Mortes, Província de Minas Gerais.

Ignoro a origem e filiação desse que é meu pentavô. Consegui apurar, todavia, que ele se casou, em fins do século XVIII, com Joaquina Eria dos Reis, filha legítima de Francisco dos Reis Esgueira, e de Maria da Conceição Ferreira.

Quando da Aclamação, Francisco e Joaquina estavam casados, portanto, havia mais de duas décadas e Joaquina já era, então, uma mulher quadragenária, havendo concebido e dado à luz, oito (ou mais) filhos de Francisco: José e Maria (gêmeos), Francisco, Manoel, Anna, Joaquina, Francisca, e Antonio. Os seis primeiros foram batizados no templo de Nossa Senhora da Conceição, em Ibitipoca, quando ele era ainda capela filial da Matriz de Nossa Senhora da Piedade da Vila de Barbacena. Já os dois últimos foram batizados no templo de São Domingos da Bocaina quando ele era apenas uma ermida, ereta havia pouco, nas mesmas circunstâncias que o templo de Ibitipoca. Todos esses oito estavam na menoridade – Maria Joaquina (a filha mais velha), porém, provavelmente já se encontrasse casada com Francisco Ignacio de Souza (que, ao tempo da Aclamação, estaria com 29 anos de idade, pouco mais ou menos).

A família de Joaquina havia se estabelecido naquela região havia mais de meio século. Seu pai, Francisco dos Reis Esgueira (meu hexavô), era natural da Freguesia de São Miguel da Fermelã, Termo da Vila de Angeja, Comarca da Esgueira, Província da Beira. Falecera aos 2 de Novembro de 1812, havendo sido sepultado na Ermida de São Domingos da Bocaina. Já sua mãe, Maria da Conceição Ferreira (minha hexavó), era natural da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Prados, Termo da Vila de São José, Comarca do Rio das Mortes, Província de Minas Gerais. Não consegui apurar quando ou onde ela faleceu (sei apenas que foi depois de 1815). Os pais e avós maternos de Maria da Conceição estavam sepultados na Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Prados.

Joaquina tinha, pelo menos, dez irmãos: Antonio dos Reis Ferreira (casado com Maria Thereza de Jezus, filha legítima de Manoel Francisco da Silva, e de Izabel Francisca do Espirito Santo); Joze dos Reis Esqueira (casado com Feliciana Maria de Jezus, filha legitima de Henrique Ferreira Velho, e de Jozefa Maria de Jezus); Maria (que não sei se chegou à idade adulta); Francisco Joze dos Reis (casado com Genoveva Joaquina de Jezus, filha legitima de Henrique Ferreira Velho, e de Jozefa Maria de Jezus); Valentina Delfina dos Reis (casada com Antonio Francisco da Rocha); Manoel dos Reis Ferreira (casado com Maria Vicencia de Jezus, filha legitima de Henrique Ferreira Velho, e de Jozefa Maria de Jezus); Constança Albina dos Reis; Venancio Alves dos Reis; Hipolita Jacinta dos Reis (casada com Francisco da Costa); e Luiz Antonio dos Reis (casado com Gertrudes Amatildes). Ao lado de seus cunhados, Francisco Joze da Silva solicitou e obteve, no ano de 1819, terras nas cabeceiras do Córrego de São João, no Sertão da Mantiqueira, que confinavam com as terras de que sua esposa era herdeira.

Dos filhos de Francisco e Joaquina, descendo de dois: Francisco Joze da Silva Junior (possivelmente a criança que foi batizada aos 9 de Agosto de 1801, embora no registro conste como Francisca em vez de Francisco) e Joaquina Carolina dos Reis (batizada aos 9 de Junho de 1805). Ao tempo da Aclamação, aquele tinha 21 anos de idade e esta 17 – e ambos, ainda solteiros, viviam sob o poder pátrio.

* Francisco Joze da Silva e Joaquina Eria dos Reis aparecem, em 1839, no mapa populacional do Arraial da Capela de Nossa Senhora da Ajuda dos Cristais (Freguesia do Senhor Bom Jesus do Campo Belo, Termo da Vila de São Bento do Tamanduá, Comarca do Rio das Mortes). Francisco ali havia se estabelecido como lavrador. Sabia ler e escrever e tinha então onze escravos. Aparece também num abaixo-assinado feito em Cristais, em 1836, por meio do qual os habitantes deste arraial solicitavam a mudança da sede do município de Tamanduá para a povoação da Formiga. Em 1839, seu filho homônimo (meu tetravô) ainda vivia sob sua autoridade. Este só veio a se casar, no começo da década seguinte, com Francisca Antonia de Jezus, de quem não tenho maiores informações. Joaquina Carolina dos Reis, por sua vez, já se encontrava casada com Manoel José Pinheiro (meu tetravô), igualmente estabelecido em Cristais.

** Francisco Joze da Silva e Joaquina Eria dos Reis faleceram e foram sepultados no Arraial da Capela de Nossa Senhora da Ajuda dos Cristais. Primeiro ela, em data que ignoro (entre 1839 e 1847), depois ele (entre 1847 e 1851).

Manoel José Pinheiro

[Biografia em fase de desenvolvimento]

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VILA DE SANTA MARIA DE BAEPENDI

"A Villa de S. Maria de Baependy he ainda pequena; a Matriz, que a orna, dedicada a N. Senhora da Conceição; a riqueza de seus habitadores tabaco, para o qual o territorio he muito apropriado. Fica a quatorze leguas a Leste da Villa da Campanha; e foi creada por um Alvará de dezanove de Julho d'oitocentos e quatorze, devendo assistir ao seu governo civil dois Juizes Ordinarios, um dos Orfãos, tres Vereadores, dois Almotacés, dois Tabelliães do Publico, Judicial, e Notas; ficando annexos ao primeiro os Officios de Escrivão da Camera, Cizas, e Almotacerias; e ao segundo o Officio de Escrivão dos Orfãos; um Alcayde, e um Escrivão do seu cargo." (CAZAL, Manoel Ayres de. Corografia Brazilica, ou relação historico-geografica do Reino do Brazil composta e dedicada a Sua Magestade Fidelissima por hum presbitero secular do Gram Priorado do Crato. Rio de Janeiro: Impressão Regia, 1817, p.380)

Em 1822, o Termo da Vila de Santa Maria de Baependi estava dividido em três freguesias:
1) A Freguesia de Nossa Senhora do Monserrat da Vila de Baependi;
2) A Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Aiuruoca;
3) A Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Pouso Alto.

Francisco Ignacio de Souza


Homem branco, casado e pai de família, Francisco Ignacio de Souza tinha 36 anos de idade quando Dom Pedro foi aclamado Imperador do Brasil. Encontrava-se, então, estabelecido como lavrador no Arraial da Capela de Nossa Senhora do Bom Sucesso do Serrano, filial da Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Aiuruoca, Termo da Vila de Santa Maria de Baependi, Comarca do Rio das Mortes, Província de Minas Gerais.

Batizado pelo Reverendo João dos Reis e Silva aos 2 de Setembro de 1786 na então Ermida de São Bento do Campo Belo, filial da Matriz de Sant’Ana das Lavras do Funil (Termo da Vila de São João del-Rei, cabeça da Comarca do Rio das Mortes), Francisco Ignacio era filho legítimo de Joze Ignacio de Souza, e de Maria dos Santos – cujas origens, filiações e biografias ignoro. Foram seus padrinhos: o Capitão Joze Joaquim Gomes Branquinho, e Maria Victoria dos Reis.

Francisco Ignacio ficou órfão de pai aos 9 anos de idade. Joze Ignacio foi sepultado na então Ermida de São Bento aos 27 de Fevereiro de 1796. Não consegui apurar quando faleceu Maria dos Santos.

Francisco Ignacio celebrara matrimônio, na Capela do Serrano, aos 27 de Janeiro de 1807, com Maria Thereza Villela, nascida e batizada naquela localidade, filha legitimada de Antonio Villela de Siqueira, e de Maria da Conceição. Assistira-os o Reverendo Joaquim Cleto de Lana, servindo como testemunhas o Capitão Joaquim Manoel do Nascimento Villela, e o Alferes Francisco Thomaz Villela, tios paternos de Maria Thereza.

Quando da Aclamação, Francisco Ignacio e Maria Thereza tinham, portanto, 15 anos de casados. Maria Thereza estava então com 33 anos de idade (pouco mais ou menos), e já havia concebido e dado à luz cinco filhas tidas com Francisco Ignacio: Maria, Anna, Luciana, Marianna, e Francisca. Nessa época, viviam, o casal e suas filhas, na Fazenda da Boa Vista – propriedade pertencente à família de Maria Thereza desde os tempos de seu avô paterno (o minhoto Domingos Villela).

Situada no Arraial do Serrano, a Fazenda dos Villela da Boa Vista dispunha de um oratório próprio, consagrado ao Senhor do Bonfim. Nesse oratório eram celebrados batismos e casamentos. Os sepultamentos, todavia, eram realizados na Capela de Nossa Senhora do Bom Sucesso do Serrano – em que jaziam os pais e avós paternos de Maria Thereza.

Francisco Ignacio e Maria Thereza são meus heptavós. Descendo de Marianna Clementina de Souza, quarta filha do casal, que foi batizada pelo Padre Francisco de Paula Rodrigues aos 22 de Dezembro de 1816 na Ermida da Fazenda dos Villelas. Foram seus padrinhos: Jozé Luiz de Souza, e Marianna Ignacia de Souza (que suponho fossem irmãos de Francisco Ignacio). Minha hexavó Marianna estava para completar 6 anos de idade quando Dom Pedro foi aclamado Imperador do Brasil.

* Meus heptavós Francisco Ignacio de Souza e Maria Thereza Villela haveriam de ter, além das cinco filhas acima mencionadas, outros cinco filhos: José, Ignacia, Rita, Francisco, e Generoza. Desses cinco, o primeiro, José, foi também batizado no oratório da Fazenda da Boa Vista (sacramento ministrado pelo Padre Manoel Pereira de Souza em Janeiro de 1823 – sendo padrinhos da criança o Padre Izidoro Corrêa de Carvalho, e Dona Maria Joaquina). Já os dois últimos, Francisco e Generosa, foram batizados na Capela dos Três Corações de Jesus, Maria, José do Arraial do Rio Verde (então filial da Matriz de Santo Antônio da Vila da Campanha da Princesa): Francisco aos 28 de Abril de 1832, e Generoza aos 12 de Julho de 1835. Na relação de habitantes do distrito de Três Corações, enviada ao Presidente da Província de Minas Gerais aos 24 de Outubro de 1831, Francisco Ignacio aparece, ao lado da esposa e dos filhos, no Fogo de número 135, do 5º Quarteirão. Era, então, senhor de engenho, com 25 escravos.

** Francisco Ignacio de Souza foi sepultado aos 16 de Agosto de 1862 na Capela de São Bento, que passou a ser filial da Matriz de Nossa Senhora do Carmo da Boa Vista. Seu corpo foi acompanhado e encomendado pelos Vigários Joaquim Antonio de Rezende (Carmo da Boa Vista), Agostinho José de Souza e Oliveira (Três Corações), e João Ribeiro Maia (São Tomé das Letras). Maria Thereza Villela foi também sepultada na Capela de São Bento, aos 30 de Abril de 1871, tendo seu corpo sido acompanhado e encomendado pelo Vigário Joaquim Antonio de Rezende.